quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

WILLIAM JAMES


FADIMAN, James e FRAGER Robert. William James e a psicologia da consciência. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª edição

Para James, a personalidade emerge do contínuo intercâmbio dos instintos, hábitos e escolhas pessoais. P 251

Mudanças na consciência. Nunca podemos ter exatamente o mesmo pensamento duas vezes. Nossa consciência pode repetidamente deparar-se com a visão de um determinado objeto, com o som de uma qualidade específica, ou com o sabor de um determinado alimento, mas nosso modo de perceber estas sensações é diferente a cada encontro. P 254

Muitas vezes nós mesmos ficamos impressionados com as estranhas diferenças em nosso modo de ver a mesma coisa sucessivas vezes. Perguntamo-nos como pudemos emitir uma determinada opinião no mês passado sobre um certo assunto [...]. De um ano para o outro, vemos as coisas à nova luz. O que era irreal tornou-se real, e o que era emocionante ficou sem graça. Os amigos que valiam tanto se reduzem a sombras; as mulheres, uma vez tão divinas, as estrelas, as florestas e as águas, como podem agora ser tão enfadonhas e comuns; [...] p 254

Na consciência, o fluxo é contínuo. P 255

“Minha experiência é aquilo que aceito tomar em consideração. Somente aqueles elementos que eu percebo moldam minha mente; sem interesse seletivo, a experiência é um caos absoluto. Somente o interesse dá acento e ênfase, luz e sombra, primeiro plano e fundo – perspectiva inteligível, em suma” (1890, vol 1, p. 402) p 256

Por que uma pessoa aceita uma idéia ou teoria e rejeita outra? James sugere que isso é em parte uma decisão emocional; aceitamos uma [idéia ou teoria] porque ela nos permite compreender os fatos de um modo emocionalmente mais satisfatório. P 257

Os hábitos são uma faceta da aquisição de habilidades. Por outro lado, “o hábito diminui a atenção consciente com a qual nossos atos são realizados” (1890, vol 1, p. 114) p 257

Ações habituais são aquelas que fazemos com mínima consciência; os padrões de hábito impedem novo aprendizado. P 258

Seja sistematicamente heróico em pequenas coisas desnecessárias, faça algo todo dia só pela dificuldade, de modo que, quando a hora de terrível necessidade chegar, você não esteja abatido e destreinado para suportar o teste. P 258

Por exemplo, quando ele abordava a relação do um com o todo, ele dizia que a maior contribuição que cada indivíduo poderia dar à comunidade mais ampla era a de fazer o máximo possível para realizar seu potencial pessoal. P 260

Emoções. (...). James diz que percebemos uma situação em que ocorre uma reação física instintual, e depois tomamos consciência de uma emoção (por exemplo, tristeza, alegria, surpresa). A emoção se baseia no reconhecimento dos sentimentos físicos, e não da situação inicial. P 260

Nossa emoções baseiam em nossas reações físicas e em nossa percepção da situação, não apenas em nossas sensações físicas. P 261
Desapego às emoções. James era da opinião de que equilíbrio entre desprendimento e expressão de sentimentos é o melhor para o organismo. P 261-262

“Idéias verdadeiras são aquelas que podemos assimilar, validar, corroborar e comprovar. P 262

Temos a cabeça cheia de conceitos abstratos, palavrórios e verbosidade [...]. As peculiares fontes de alegria ligadas a nossas funções mais simples muitas vezes se esgotam, e nos tornamos completamente cegos e insensíveis às coisas boas e às alegrias mais elementares e gerais da vida. (1899ª, p. 126) p 263

A responsabilidade fundamental do professor é incentivar o aluno a aumentar sua capacidade de manter a atenção. Manter a atenção em um único assunto ou idéia não é um estado natural para crianças ou adultos. P 265

Para auxiliar os professores, James oferece algumas sugestões. Primeiro, deve-se fazer com que o conteúdo da educação tenha, ou pareça ter, relação com as necessidades dos alunos. Os alunos devem ter consciência das ligações entre o que estão aprendendo e suas próprias necessidades. P 265

Em segundo lugar, talvez seja necessário enriquecer o assunto a fim de estimular o retorno da atenção dos alunos, pois “a atenção inevitavelmente se desvia de um assunto que não muda” (1899, p. 52) p 265

Na esfera do pensamento, o que eu creio ser verdadeiro é verdadeiro ou torna-se verdadeiro. P 271

Para compreender seu comportamento atual, investigar como os indivíduos percebem o universo pode ser tão vantajoso quanto investigar suas experiências de infância. P 273

Hoje, existem amplas evidências experimentais para sugerir que algumas pessoas parecem ter mais do que uma personalidade; isto significa dizer que elas têm dentro de si muitas personalidades, cada uma com seu próprio nome, depósito de memórias e modo de pensar e se comportar. Até a idade e o gênero podem ser diferentes entre as personalidades. Casos extremos têm sido integralmente relatados pelas “próprias” pessoas (Casey, 1991; Chase, 1987) p 275

A multiplicidade pode não ser absolutamente uma patologia, mas uma característica ligada à sobrevivência, um modo de funcionar com êxito em condições extremas. P 275